Platinado de carro

O que “foi isso?” seria  a pergunta mais apropriada. Hoje em dia nenhum carro sai de fábrica com essa peça, o que também faz dela uma raridade. Um platinado tem a função de interromper a corrente que vem da bobina de ignição dentro do distribuidor e assim cada vela receberá pelos cabos sua centelha dentro do ponto que deve ser. Eis a peça na foto abaixo. Aliás se você for procurar ” platinado” no Google, digite “de carro” na frente, ou então outras imagens nada automobilísticas irão aparecer

Onde ele fica no carro?

Temos na foto abaixo o distribuidor, sem a tampa, com o platinado a direita e o condensador a esquerda. Ele equipou muitos carros, principalmente da década de 70 do século 20 para trás. Mas o mais conhecido é o da linha Volks: Fusca, Brasília, Kombi e outros.

Mito: Alguns motoristas da época se gabavam de folhear as pontas do platinado (partes redondas conhecidas como martelo e bigorna), de ouro. A explicação era que o ouro conduz melhor a eletricidade e fazia o platinado durar mais. Mitos são mitos. Mas nós encontramos estas pérolas abaixo. Acredite se puder…

Já explicamos em outro post o que é esta peça antiga. Como vimos, esta peça é antiga, não existe mais nos carros modernos. Então, esse post é para aficionados por carros antigos, ou até mesmo para profissionais do ramo que não conheceram o platinado. Todos os carros antigos da Volks saíam equipados de fábrica com esta peça. Mas não é algo exclusivo da fábrica alemã. Opalas, Chevetes, e modelos da Ford, também usavam platinados, até o advento da ignição eletrônica.

Para muitos, foi a ignição eletrônica que acabou com o prazer de regular um carro, assim como a injeção eletrônica nos tirou o prazer de regular um carburador. Mas tudo tem seu preço. E a tecnologia cobrou o seu.

Como regular um platinado.

Retire a tampa do distribuidor. Ela pode estar presa por parafusos ou travas metálicas, de acordo com o modelo do carro. Você vai precisar de uma (talvez duas) chave de fenda média, e um pedaço pequeno de lixa fina, no caso de você perceber pela aparência que  os contatos merecem uma lixadinha.

Atenção: trabalhe com a chave do carro desligada. Também não será necessário retirar o distribuidor do carro.

Imagem: Tonella

A regulagem desta peça é algo bem simples. Você pode retirar o rotor para facilitar ainda mais. A intenção é regular a abertura do platinado quando ele passa no ressalto. Primeiro você vai girar o motor até o platinado ficar em cima de um dos ressaltos. Basta girar a polia inferior (no caso do Fusca) para “casar” o platinado com o ressalto. Feito isso, solte um pouco o parafuso na base do platinado.

No passado se usava um conjunto de palhetas próprias para regulagens de abertura em peças mecânicas, como o conjunto da foto abaixo.

Não é uma ferramenta fácil de se encontrar no mercado. Talvez um mecânico mais antigo na profissão tenha um desse guardado. A abertura do platinado varia entre 0.40 e 0.50 milímetros – uma medida muito parecida com a espessura de uma lâmina de serra de ferro… Com a “lâmina” correta entre o martelo e a bigorna do platinado, você deve apertar o parafuso que afrouxou antes. Remonte todo o distribuidor (não se esqueça do rotor) e acione o motor do carro observando se ele está bem regulado. Lembrando que com o platinado totalmente fechado – ou colado – o motor não vai pegar. Com ele muito aberto pode falhar ou também não funcionar. Durante o serviço, e observando a reação do motor, você vai perceber qual é a melhor abertura para o seu platinado. Mas se o distribuidor estiver em boas condições, com certeza a regulagem será bem mais fácil.

Condensador de platinado

Ele é o companheiro do platinado, tão antigo quanto ele. Na foto abaixo vemos o platinado a direita e o condensador a esquerda cumprindo suas funções dentro de um distribuidor. O condensador também pode ficar fora do distribuidor, agarrado ao seu corpo, como no caso do Fusca.

Observe na foto acima o condensador instalado do lado de fora do distribuidor.

Para que serve?

Uma de suas funções é proteger o platinado. Como vimos mais acima, o platinado abre e fecha para interromper a corrente que vem da bobina. Mas quando isso acontece uma corrente muito alta é gerada e pode destruir o platinado. O condensador “condensa” esta corrente, ou absorve este fenômeno do platinado, protegendo-o. Sendo assim, ele acumula energia que pode resultar em um choque bem desagradável.

Ele também é o responsável por aquele barulho nos rádios de automóveis antigos. Naquela época se “ouvia” o motor no alto-falante quando era acelerado. Todo este sistema de ignição foi substituído pela famosa ignição eletrônica, muito mais durável e eficiente. Mas enquanto não aprimorada, os platinados e condensadores deram conta do recado por décadas. Ainda é um sistema de ignição bem confiável e barato.