Foto:`www.dkwvemag.net

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Você já ouviu falar das “portas suicidas”?

Foto: www.anosdourados.blog.br

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A foto acima esclarece o apelido suicida que estas portas receberam. Fica evidente o que pode acontecer em caso de acidente. Outra fama deste modelo criou mais um apelido: “Dechaeuvê”, que variou das iniciais DKV,  ironizando as mulheres vestidas de saia quando saiam desses carros. Também foi outro presente da sempre bem humorada crítica automobilística brasileira.

Mas os modelos da Vemag fizeram grande sucesso no passado, principalmente nos chamados anos dourados do Brasil. Também ficaram conhecidos como “grandes brasileiros” pela crítica atual, muito mais voltada para a história do que para a época e seus modismos. Assim como nossos automóveis, a crítica brasileira também evoluiu, deixando de lado os apelidos maldosos.

O que é “bossa nova”?

Bossa nova é um movimento musical que começou no final dos anos 50. Talvez seja a primeira e única música genuinamente brasileira reconhecida no mundo inteiro. Sua identidade com o Brasil é a mesma que o rock tem com os ingleses e americanos. Se o reggae faz pensar na Jamaica, a bossa nova produz um retrato mental  do Brasil.

E o que a Vemaguet tem haver com esta história?

Foto: lounge.obviousmag.org

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O carro da Vemag também começou a ser produzido no final dos anos dourados, anos 50. Alguns sociólogos comentam que essa foi a melhor época de toda a história brasileira. Pouca pobreza, pouca riqueza, mas muita fartura para todos. Evidentemente que este é um bom cenário para a alegria do povo e crescimento da cultura. Talvez seja nessa época que surgiu a verdadeira classe média brasileira.

Então aconteceu a era JK , um presidente e seu plano de metas que planejava o crescimento do Brasil como “cinquenta anos em cinco….”. O incentivo maior deste governo foi na indústria e nessa época várias fábricas de automóveis se instalaram por aqui. Entre elas a Vemag do Brasil.

Carro bossa nova é um elogio que nós do Mãos ao Auto fazemos a todos os modelos produzidos pela Vemag. Mas por que não um Gordini, Fusca, ou um Chevrolet, que também embelezaram a era de ouro brasileira?

O charme da Vemaguet.

Além da mecânica diferente, mas robusta, de todos os carros da época a Vemaguet parecia ser o mais querido, presente nas praias do Rio, nas garoas de São Paulo, e no Cassino de Belo Horizonte e depois em seus bares e butecos. Havia sempre alguém com um violão e a música daqueles tempos era a Bossa Nova carioca.

E não foi algo sem planejamento, pois moda é coisa da juventude, e a propaganda da Vemag visava o público jovem da época, principalmente com o barulho típico do motor que mexia com os brios e hormônios da época.

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Foto: carros.uol.com.br

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Mecânica.

Motor dois tempos, (era obrigatório misturar óleo na gasolina) quase 1000 cm ou um carro 1.0 do anos 50, também fizeram da Vemaguet um transporte familiar. Seu interior era amplo, com um excelente porta-malas.

Mas o motor foi a grande novidade. Com três cilindros e tração dianteira, surpreendeu a engenharia da época que debochava do possível desempenho das Vemaguets. Além disso, outras inovações impressionam até os especialistas de hoje: a roda livre, que permitia um comportamento idêntico ao ponto morto quando o motorista aliviava o pé no acelerador, e o inverso, quando um dispositivo endurecia o acelerador ao perceber o desejo do motorista de correr muito. Bem atual, diga-se.

Quase 50 mil unidades foram vendidas em apenas 12 anos de fabricação. Era uma carro tão querido que o encerramento das atividades no Brasil causou certa comoção no público e daí surgiram algumas teorias da conspiração. Alguns diziam que a Volks comprou, para em seguida fechar a Vemag no Brasil, por ser mais fácil do que concorrer no mercado com este carro bossa nova.

Será? Quem sabe, mas isso é outra história.